Com os agradecimentos pela imagem a ACBV de Albufeira
As festividades ritualizadas, de modo geral, quase sempre sofreram processos de adaptação a diferentes realidades que se foram sucedendo no espaço e no tempo, ao sabor de constantes esforços de sincretismo religioso e cultural comum à generalidade das civilizações que conhecemos.
Tanto quanto se sabe, uma prática outonal, talvez de celebração druída, foi sobreposta no processo de cristianização das Ilhas Britânicas, pela prática instituída no Oriente cristão e pelos papas que em Roma convertem o Panteão (dedicado ao culto de todos os deuses) ao culto de todos os santos cristãos e estabelecem sucessivamente as comemorações canónicas que visam recordar todos os santos que, necessariamente, não cabiam no calendário litúrgico.
Da memória retemos a associação desta festividade com a comemoração dos "fiéis defuntos" no dia imediato, em que os cemitérios ainda são visitados. Também retemos para este dia o toque da campainha de manhã a anunciar turbas de miúdos a pedir "pão por Deus" (em algumas aldeias o "santorum" ou os bolinhos).
Mas ontem fomos surpreendidos pelo toque da campainha, de noite, por miúdos que pediam "doces" ("trick or treat") ou dinheiro (preferencialmente).
A globalização hoje chega-nos vertiginosamente. Aquilo que no passado, nos países de tradição anglo-saxónica, em vésperas do "dia-de-todos os santos" (All Hallows Even) misturou espíritos, bruxas, mártires, santos, hoje começa a assumir outras práticas decididamente profanas.
Noite de Sábado na Casa BrancaCom os agradecimentos a:
Certo é que as práticas antigas, incipientes ou não, teimam em persistir e, de manhã, la tocava a campainha de novo a anunciar o pão-por-Deus quase envergonhado (acho que foi sempre) e lá sobrou chocolate para uns e outros. Não nos atrevemos a dar nozes...tão apetecidas quando eramos miúdos.
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