Há muito que estranhámos não o ver na Rua Vasco da Gama ou na Praceta de Caxias. Pensámos que estava doente. Acabo de saber por uma amiga do seu falecimento no mês passado. Tinha lido a sua entrevista de há algum tempo ao DN, onde falava da sua actividade de armador, do seu amor aos navios, ao Funchal (que recuperara) e a Portugal. Os nossos pêsames à família do senhor George e aos colaboradores da Classic International
Cruises (a maior e única companhia de cruzeiros Portuguesa, conforme é referido no Blogue: http://mytakkes.blogspot.pt/2012/05/george-potamianos.html, donde respigámos as fotografias em cima).
"Será um nome pouco ou nada conhecido do grande público, mas que é incontornável do panorama marítimo português das últimas décadas por ter mantido a tradição e a presença portuguesas (ainda que com capitais gregos) no sector dos cruzeiros, e com grande sucesso e prestígio (para a empresa e para o país), com paquetes portugueses, tripulados por portugueses e registados em Portugal.
Em 1985, durante a última situação de falência iminente e intervenção do FMI, e quando o governo de Mário Soares extinguia a CTM – Companhia Portuguesa de Transportes Marítimos e vendia a frota a preço de sucata (mesmo os navios com meia-dúzia de anos), George Potamianos conseguiu salvar o «Funchal», e manteve-o em actividade aproveitando o know-how e os recursos humanos que o governo português atirava para o desemprego. Em 1988, adquiriu também o maior paquete português de sempre, o magnífico Infante Dom Henrique (que já não existe).
Após quase quarenta anos de desmaritimização, na frota mercante portuguesa não há actualmente um único petroleiro, nem um único navio de transporte de gás (apesar da aposta no gás natural, e do facto de grande parte dele chegar até nós por mar), nem um único navio químico, nem um único navio de carga refrigerada, nem um único cargueiro de carga rodada, nem um único transporte de automóveis (por exemplo, toda a exportação da Autoeuropa segue em navios estrangeiros); há apenas um ferry de passageiros e veículos moderno; os poucos porta-contentores que existem são pequenos.
Mas há, ainda assim, paquetes com a bandeira portuguesa e isso deve-se a um cidadão grego, não apenas empresário mas amigo de Portugal e admirador das nossas tradições marítimas. Não surpreende, portanto, que George Potamianos nunca tenha recebido qualquer condecoração ou homenagem por parte do Estado Português, apesar dos esforços nesse sentido feitos junto da Presidência da República."
Excerto de artigo publicado do blogue: http://regabophe.blogspot.pt/2012/05/george-potamianos.html
1 comentário:
Paz á sua alma, o reconhecimento será eterno e dado por alguém mais importante que o homem na terra.
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